Vaca abatida pela indústria da carne |
Cada vez mais pessoas tentam fazer algo, mas a maioria que é refém da indústria ainda é conivente com esses sacrifícios diários. Sem sombra de dúvidas afirmo que, quem é conivente com esse tipo de sacrifício não tem um pingo de autoridade para criticar qualquer tipo de sacrifício com cunho religioso.
Métodos brutais e sem sacralidade |
Quando mata né! Porque comprar todo empacotadinho no açougue é bem mais cômodo que matar. E outra, animais que são sacrificados para finalidades religiosas, pelo menos no contexto pagão, são (ou pelo menos devem ser) bem cuidados, bem alimentados e seu sacrifício deve ser feito de modo que o mínimo de dor seja causado ao animal. Além disso, nesse tipo de sacrifício, sacerdotes costumam aproveitar tudo do animal: a carne para a alimentação, partes do corpo para confecção de instrumentos sacros, além de outras finalidades.
Não, não estou defendendo aqui que se saia por aí exaltando o sacrifício animal, mas o que vale deixar claro aqui é a forma como as pessoas costumam conduzir debates desse tipo, apontando o dedo para o outro e fazendo acusações superficiais, sem perceber que está recriminando ações praticadas por si mesmo.
O que escrevo aqui, digo por mim, mas também pelos pagãos que têm a coragem se sair do comodismo e investem em um modo de vida que não contradiz os próprios princípios defendidos. O que mais se vê na atualidade são pessoas com discursos e práticas que se contradizem. Gente que é contra as drogas, mas que se envenena diariamente com refrigerante. Gente que é contra sacrifício animal, mas que adora um frango de supermercado que passou toda a vida sendo engordado com hormônio numa câmara escura. Gente que defende a democracia, mas não sabe respeitar sequer opiniões contrárias... e assim por diante.
São muitos os casos que poderiam ser citados aqui, mas como o título do tópico já deixa claro, vamos nos ater a questão do sacrifício animal x vegetarianismo, no contexto pagão [especialmente piaga]. Não é muito difícil presenciar debates sobre o tema, onde ataques são mais recorrentes que a explanação de pontos de vista.
Aqui cabe deixar claro a visão do Círculo Piaga sobre o tema CONSUMO DE CARNE + SACRIFÍCIO ANIMAL.
Cena retratando sacrifício animal na Roma Antiga |
Optamos por essa decisão por acreditarmos que uma manhã (geralmente é o período de duração das atividades ritualísticas) sem carne não vai matar ninguém, pelo contrário, vai é ajudar a purificar o corpo da energia de morte contida na carne produzida de modo industrial. A questão da abstinência de carne nos momentos ritualísticos não é simplesmente por conta da influência do "paganismo verde", mas por uma questão de consciência, que inclui preocupações do grupo com questões ecológicas.
Cena de Sacrifício ao Deus Pan |
Para a mesa do banquete ou para a confraternização pagã, é muito mais fácil levar um frango comprado no abatedouro, que por sua vez alimenta um sistema cruel. Essa lógica vale não apenas para carne, mas para qualquer alimento que não seja sacralizado, inclusive frutas, tortas ou bolos.
Na rotina urbana em que a maioria dos neopagãos vive, é complicado estar atento à sacralidade dos alimentos. É realmente complicado produzir os próprios alimentos. É fácil apontar o dedo para o passado e afirmar que os pagãos de antigamente não eram "eco-chatos", que viviam bêbados e em orgias. Esse tipo de afirmação falsa nada mais é do que uma falta total de embasamento histórico. Além do mais, eles viviam em outro contexto histórico, com problemas diferentes dos que temos atualmente, então não é válido o argumento que justifica "erros" do presente com base em "erros" do passado.
Os pagãos do passado tinham sim, grandes banquetes com carne, bois abatidos e tudo mais, até mesmo humanos eram sacrificados em algumas tribos mais primitivas, mas quando se tratava de alimentos dedicados a celebrações de caráter religioso, eram animais caçados ou criados por eles e mortos em abates que seguiam ritualísticas bem rigorosas. A carne não era um alimento banal, era item raro na mesa, sendo farta apenas em grandes celebrações pelos tempos de fartura.
Galinha abatida lentamente |
Nutrir a hipocrisia é abrir mão da autocrítica! O maior desafio vem da gente mesmo, é nossa autocritica. Todos tem a liberdade de comer ou não carne, pois felizmente isso é um direito. Ninguém pode forçar a barra para convencer outras pessoas a renegarem a dieta com base na carne industrializada. É um dever mostrar as opções, as escolhas dependem de cada um. O que não vale é apontar o dedo para o outro sem antes fazer uso da autocritica. Eu mesmo não sou vegetariano, vez por outra consumo peixes e faço viagem a trabalho onde não tenho muitas opções. Mas é importante ter em mente que a dosagem e a forma de consumo podem transformar um antídoto num veneno mortal!
Escolhas individuais devem ser respeitadas e, assim como respeitamos o direito individual, merecemos ter respeitada a escolha do nosso grupo, que em nosso caso, foi pela abstinência de carne industrializada em nossos eventos e atividades litúrgicas comunitárias. Entendemos que a escolha alimentar é individual e deve ser respeitada. Nossa abstinência coletiva é apenas nos momentos de celebração, e diz respeito à carne de origem industrial, por acreditarmos que não possui uma energia benéfica ao organismo.
Quanto ao sacrifício animal para finalidades religiosas, desde que seja realmente necessário, siga os princípios litúrgicos, minimize o sofrimento do animal e não promova o desperdício, não há contradições ideológicas que nos impeçam de permiti-lo, pois é um ato que rende alimento de forma sacralizada, bem mais nobre que a carne fornecida pela indústria.
A intenção deste texto não é promover discursos politicamente corretos e muito menos convencê-lo de que o que está aqui é verdade absoluta. Apenas foram explanados aqui esclarecimentos e justificativas acerca de posicionamentos do Círculo Piaga/ Vila Pagã sobre as questões: sacrifício animal; drogas e vegetarianismo.
A intenção deste texto não é promover discursos politicamente corretos e muito menos convencê-lo de que o que está aqui é verdade absoluta. Apenas foram explanados aqui esclarecimentos e justificativas acerca de posicionamentos do Círculo Piaga/ Vila Pagã sobre as questões: sacrifício animal; drogas e vegetarianismo.
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