sexta-feira, 18 de outubro de 2024

A Mãe das Almas

Mãe das Almas, em seu trono
Como uma tradição politeísta, o Piaganismo acredita e honra diversas divindades ligadas ao culto dos mortos, mas durante suas liturgias comunitárias ligadas aos ancestrais, as orações e intenções são direcionadas especialmente para a Mãe das Almas, chamada também de Senhora das Almas ou Senhora do Submundo.

Este é um título para a deusa mãe e rainha do submundo, que em diferentes culturas recebe nomes como Atégina, Perséfone, Prosérpina, Hela, Ticê, Santa Muerte, Nossa Senhora do Purgatório, dentre tantos outros.

Acreditamos que cada um desses títulos possui uma essência própria, características e origens específicas; mas quando direcionamos um rito comunitário onde se acredita em diversas deusas do submundo, o uso do título “Mãe das Almas” ajuda a direcionar melhor as intenções dos fiéis, sem excluir uma ou outra divindade.

A Mãe das Almas é a senhora que recebe e acolhe as almas daqueles que partem para o submundo, guardando cada espírito em sua nova morada. Ela também é a senhora consoladora daqueles que ficam na terra e sofrem com o luto. Como também acreditamos em reencarnação, seu poder contempla desde as almas que voltam à vida terrena até as almas que desencarnam.

Senhora das Almas
A Senhora das Almas é o título usado para evocar todas as deusas do reino das almas, pedindo sua intercessão pelas almas que vagam sem rumo e pelo parentes e amigos recém-falecidos. Ela guia os espíritos no processo de purificação espiritual e também pode ser evocada pelos vivos, para agir com sua divina misericórdia, intercedendo pelos fiéis em diversos estágios da vida e da morte.


Na iconografia, onde vemos a influência das representações pagãs greco-romanas, a Mãe das Almas é frequentemente representada com um semblante de serenidade e compaixão, ao lado de almas ou crânios que representam os mortos. É retratada vestindo mantos brancos (pureza, renovação) ou pretos (luto, espiritualidade, recolhimento). Costuma ser retratada com uma romã na mão, simbolizando o fruto do qual ela se alimentou e assim absorveu a responsabilidade de ser a eterna Rainha das Almas. A Mãe das Almas é comumente representada ao lado do seu divino marido, o Senhor do Submundo, chamado de Hades, Plutão, Deus dos Mortos, Senhor das Almas e de tantos outros nomes. Ao lado do Senhor do Submundo, a Mãe das Almas exerce o seu papel como intercessora, agindo em auxílio das almas em transição.

Senhor e Senhora das Almas
A devoção à Senhora das Almas está intrinsecamente ligada às crenças sobre o Reino das Almas e os caminhos percorridos para se chegar até ele. Este caminho, na crença piaga, é um momento de purificação onde as almas dos fiéis se preparam para alcançar a plenitude em suas moradas espirituais após a morte. Os fiéis, através de orações e rituais dedicados a Senhora das Almas, buscam o consolo para si e para aqueles que partiram, recorrendo à sua divina providência para aliviar os sofrimentos e acelerar o caminho das almas rumo à paz.


Além de ser ligada ao submundo e aos mortos, a Senhora das Almas também é associada a chegada da primavera, quando sobe ao mundo dos vivos, compartilha as suas bênçãos de alegria e renova a vitalidade de todo o mundo. Neste aspecto primaveril, ela é honrada nos equinócios, em especial no dia 21 de setembro e 20 de março.


Em seu aspecto de Rainha do Submundo, a Senhora das Almas é celebrada entre o fim de outubro e o início de novembro, tendo sua celebração principal associada ao Dia de Finados, em 02 de novembro. É durante este dia que os piagas celebram a Festa das Almas e fazem orações pelas almas dos falecidos. Esses ritos costumam incluir procissões, cânticos e evocações, práticas que simbolizam a lembrança dos ancestrais e a renovação espiritual.


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