O despertar pagão para as Raízes Ancestrais

Altar Piaga aos Deuses da Corrente Colona

Em todo o planeta, membros das chamadas espiritualidades pagãs se integram para resgatar suas raízes ancestrais, formando grupos cuja missão é trabalhar pela preservação das tradições da terra. Basta conhecer um pouco da evolução do movimento neopagão internacional para perceber que o retorno às tradições nativas é uma tendência mundial. 

Na Rússia e Ucrânia, por exemplo, os nativos restabelecem com toda força o culto aos Deuses pagãos eslavos, através do Rodnovery (paganismo eslavo). As pessoas com raízes egípcias buscam com mais frequência conectar-se aos antigos Deuses através do Kemetismo. 

Na Grã-Bretanha, o Druidismo foi reconhecido como religião oficial e atrai a cada dia o interesse dos nativos. Brasileiros descendentes de africanos tomam consciência de suas raízes ancestrais e enchem os centros de candomblés, onde são honrados os Orixás e Voduns. 

Pagãos na Lituânia

Nos Países Bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia) quem ganha força é a Romuva, tradição pagã, politeísta. Na Grécia os helênicos fortalecem diariamente o culto aos Deuses nativos, assim como os romanos despertam para o Cultus Deorum, onde as divindades romanas e ancestrais permanecem sendo honrados. Até mesmo no Paquistão, em meio a dominação muçulmana, o povo Kalash resiste, mantendo vivas suas tradições pagãs ancestrais. 

Pagãos em Roma

Em todos esses lugares, o que se percebe nitidamente é que esses povos ouviram o chamado dos seus ancestrais, o chamado da Terra. E além de ouvir esse "chamado", esses povos tiveram a coragem para não ignorá-lo, pois o resgate ancestral nem sempre é fácil. 

Pagãos no Paquistão

Aos que se atrevem a fazê-lo, críticas vem de todos os lados, dos monoteístas fanáticos, mas também, de neopagãos que preferem abraçar discursos superficiais, mais fáceis de aplicar na vida corrida das grandes cidades, onde o que costuma valer acima de tudo é a aparência. São os típicos pagãos de facebook, que não tiram a bunda da cadeira nem pra participar de um encontro presencial ou sequer para cultivar um jardim. Longe de mim criticar a internet, afinal, olha só onde estamos! Minha crítica vai para quem se torna escravo, prisioneiro da internet, ao invés de utilizá-la como ferramenta construtiva a nosso favor.

Pagãos na Rússia

Pois bem, voltando ao assunto, o resgate aos cultos nativos não é fácil, pois há pouca bibliografia disponível, sendo que grande parte das publicações sobre tradições nativas brasileiras apresenta visões preconceituosas, vindas de autores monoteístas ou demonizadores da cultura alheia. Além de pesquisa bibliográfica, esse resgate nos exige prática, conhecimento empírico, vivências individuais e comunitárias, observação e análise da nossa cultura atual para identificação de suas raízes pagãs.

No Brasil? Quem são nossos ancestrais? Qual é nosso culto nativo?

Alguém que se propõe a resgatar e reavivar cultos nativos consegue responder a estes questionamentos após algum período de reflexão. Mas, de maneira geral podemos dizer que o Brasil tem vários ancestrais, pois tanto os nativos como os colonizadores ajudaram a constituir o que somos hoje: o povo brasileiro.

Os donos das terras, sem dúvidas, foram nossos indígenas e aldeões nativos, mas além destes, temos correndo no sangue do nosso povo, as heranças europeias, africanas, orientais e de outros povos que aqui estiveram presentes, participando da nossa colonização, da construção do nosso país.

Nosso culto nativo é o culto aos ancestrais da terra, aos ancestrais de sangue e ancestrais espirituais. Nosso culto é o culto aos Deuses que eram cultuados pelos povos nativos, mas também é o culto aos Deuses dos nossos ancestrais colonizadores. Esses são diferenciais que tornam ainda mais complexo o resgate do paganismo ancestral no Brasil, somos um povo único, com nossas próprias particularidades, o que requer atenção especial por parte dos que aceitam a empreitada de cultuar as correntes nativas.

Pagãos durante celebração dos festejos da Robigália no Piauí

Bom, aqui no Piauí, onde o grupo de pesquisas e práticas piagas atua diretamente, podemos dizer que estamos resgatando o que faz parte de nossa realidade e, através desta página, poderemos compartilhar nossas experiências e incentivar outros grupos do Brasil a se juntarem a nós nesta busca, nesta reconstrução de toda a herança ancestral pagã que nos foi ocultada durante longos anos e que, hoje, se encontra mais que na hora de ser revelada. 

A você, que compartilha conosco este sentimento de amor pela nossa terra e de irmandade, sinta-se parte da nossa família e fique à vontade para acompanhar nossas atividades, pela internet ou presencialmente.