sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O Culto da Cabocla Jurema no Paganismo Piaga

Na Corrente da Terra, diversas entidades espirituais são cultuadas na Linha do Culto Índio. Uma das principais é a Cabocla Jurema, que também é encontrada nos cultos do Catimbó e outros de origem afro-brasileira. 



Jurema faz parte de um grupo de espíritos nativos brasileiros que auxiliam em trabalhos de cura por meio de ervas, banhos, símbolos, danças, defumações e trabalhos mágicos de pajelança que utilizam a energia da natureza. Tamanha é sua força nos cultos nativos, que Jurema pode ser considerada uma divindade, por sua forma de atuação e liderança diante dos espíritos indígenas.

Jurema faz morada nas matas virgens e a sua planta sagrada é a árvore da Jurema, da qual se prepara o vinho da jurema, bebida enteógena que traz as revelações da mestra Jurema aos que ingerem. O vinho da jurema é preparado com as raspas das raízes da árvore Mimosa hostilis e tomado em algumas cerimônias religiosas indígenas ou do catimbó.



A figura de Jurema representa a própria resistência da cultura indígena, que sobreviveu até os dias atuais por meio de ritos secretos do catimbó e encantaria. Jurema é uma das “donas espirituais” da terra brasilis, tendo seu culto absorvido primeiramente pelos cultos afro-brasileiros e mais recentemente pela tradição pagã piaga. Jurema é, definitivamente, uma das potências do panteão nacional brasileiro. 



Jurema é uma entidade de grande força que, ao se fazer presente no culto, atrai também a presença de outras caboclas e caboclos de energia semelhante, sempre ligados a ambientes da natureza (ex.: Caboclo do Tajá; Cabocla da Cachoeira). Segundo seu mito, é filha de Tupi (Caboclo Tupinambá) e irmã das caboclas Jupira e Jandira. Também é conhecida como "Guerreira das Sete Matas", por isso seu selo de evocação possui sete estrelas e também uma flecha.



Essa poderosa índia sempre ajuda seus devotos nos momentos de dificuldade, quando é chamada para purificar e iluminar os caminhos dos que lhe nutrem amizade. No Paganismo Piaga não há incorporação nos ritos, pois o contato se dá via práticas devocionais, visões, sonhos, danças e outras práticas. 



Uma forma de agradar a Cabocla Jurema consiste em lhe oferecer, numa mata limpa, uma cumbuca ou um pano com coco verde aberto, coberto com mel. Você também pode colocar frutas tropicais ao redor do coco, como a acerola, manga, o caju ou a banana. A cor da vela oferecida a Jurema é verde.



Para dedicar um altar à Cabocla Jurema, você pode separar uma mesa coberta com um pano verde e decorar o espaço com imagens de caboclos, vela verde, um vaso com guiné, samambaia, orquídea, comigo-ninguém-pode, bromélia ou tajá plantado. Jurema gosta de plantas tropicais com belas folhagens. Outra forma de honrá-la é através de cânticos e danças, como o que é mostrado abaixo.

Canto à Jurema Sagrada (Piaganismo)
Mamãe Jurema, Deusa Guardiã da mata (bis) 
Revelai os seus segredos, conduzindo a nossa estrada (bis) 
Mamãe Jurema, Índia do reino do encante (bis) 
Nos ensinai os feitiços, pra desfazer o quebrante (bis) 
Ô Jurema, vem encantar nossa festa (bis) 
Alegrando o teu povo, com a magia da floresta (bis)


Canto à Cabocla Jurema (Umbanda)
“Dentro da mata virgem, uma linda cabocla eu vi (bis)
Com saiote feito de penas. É a Jurema filha de Tupi (bis)
Jurema. Jurema , Jurema.
Linda cabocla, filha de Tupi.
Ela vem, lá da Jurema, vem firmar ponto neste congá (bis)


...

Selo de Evocação
No selo abaixo representado, as sete estrelas representam as matas, bem como a luz de conhecimento disseminada pela Mestra Jurema. A flecha representa o espírito guerreiro, o sucesso na conquista dos propósitos firmados. A linha curva horizontal da base representa a terra. A ponta da flecha cravada na terra simboliza as raízes sagradas da Jurema. As duas pontas da flecha que pendem pra baixo representam a magia das folhas e das matas, que traz o conhecimento dos Deuses para o a terra.

Selo piaga da Cabocla Jurema

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